COMO AGIR DIANTE DE UM GOVERNO CORRUPTO (Parte 1)

por Wilson Porte Jr.*

Protesto em favor da aplicação da Lei da Ficha Limpa.
Foto: Nelson Antoine/Agência Estado
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. Rm 13.1

Qual a postura de um cristão em relação ao governo instituído sobre ele?

Ousadamente orar

A primeira atitude que um cristão deve ter é a oração em favor daqueles que os governam. Jeremias assim escreveu:

Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz. (Jr 29.7)

Jeremias, usado pelo próprio Deus, lembrava seus ouvintes que todos deveriam orar pela paz da cidade. Obviamente, as pessoas diretamente envolvidas com a paz na cidade são seus governantes. Orar pela cidade significa orar por aqueles que a governam. E, aqui, a cidade para onde o Senhor os “desterrou” nada tinha a ver com a terra prometida. O Senhor havia desterrado seu povo para cidades e povos que não o temiam nem guardavam sua Palavra. Ainda assim, o Senhor lhes orienta a orar pela cidade — e por seus governantes.

Além deste verso, sabemos que o Senhor nos incentivou a orar por todas as pessoas, inclusive por aquelas que nos fazem mal, ou que nos perseguem (Mt 5.44 e Lc 6.28). De modo que, para Jesus, um cristão deve orar inclusive por aqueles que lhe governam de um modo errado. Mas, pelo que orar por essas pessoas?

Antes de tudo, devemos orar por sua conversão e mudanças de atitude no governo ou para que o Senhor intervenha, e os retire do poder, e abençoe a nação com pessoas que O temam para nos governar — ou, ainda que não tenham temor do Senhor, que ao menos não trabalhem em prol de leis contrárias à Palavra de Deus.

Pacificamente protestar

Podemos, também, pacificamente protestar contra intenções ou ações dos que nos governam (vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidente) que se colocam acima da Palavra de Deus.

Quando João Batista anunciava a vinda do Cordeiro de Deus, convidava as pessoas ao arrependimento e mudança. Seu governador à época foi repreendido por ele por causa de sua conduta de vida. Por causa de uma vida de adultério e de “todas as maldades” (Lc 3.19) que o governador Herodes cometia, João Batista pacificamente protestou.

Um cristão nunca deve se envolver com quebra-quebra, com destruição do patrimônio público, e com qualquer coisa que seja ilegal. Podemos protestar, desde que sem ofender nosso semelhante agindo como Jesus, João Batista e os apóstolos agiam diante dos governantes que agiam pecaminosamente.

Biblicamente discordar

Pedro nos deu um bom exemplo de como podemos discordar dos que nos governam e, até mesmo, chegarmos a descumprir suas ordens. Veja:

Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome; contudo, enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem. Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens. (At 5.28–29).

As primeiras palavras deste texto trazem uma ordem das autoridades da época para que Pedro e os demais apóstolos não pregassem. Ou seja, quando uma lei claramente contrária à Palavra de Deus foi dada, a resposta de Pedro foi: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.

A intromissão ou ingerência do Estado na esfera da família (Lei da Palmada) ou da religião (criando leis que proíbam pregadores de afirmar que homossexualismo é pecado) são formas do governo legislar em áreas onde nossa Lei Suprema, a Palavra de Deus, já legislou. E se a lei dos homens se impor sobre a Lei de Deus, antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.

Em um próximo artigo, continuaremos esta reflexão.


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*Wilson Porte Jr. é ministro da Convenção Batista Brasileira, e atualmente pastoreia a Igreja Batista Liberdade, em Araraquara-SP. Texto originalmente publicado aqui

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