QUE HISTÓRIA É ESSA DE ‘SE NÃO VEM PELO AMOR, VEM PELA DOR’?: O ‘Evangeliquês’ que nos Faz Tropeçar
Um “evangelho”
baseado nos usos e costumes e que prioriza aspectos exteriores em detrimento de
arrependimento, fé, doutrina e santificação, por exemplo, tem há anos e anos
sido a expressão daquilo que, grosso modo, as pessoas em geral têm apreendido
por protestantismo, e sobretudo por evangelho. Expressões como “Só Jesus na
causa”, “Oh glória! ”, “paz do Senhor” ou “misericórdia”, extrapolaram em muito
os muros da igreja e, se não perderam por completo, tiveram seus sentidos
esvaziados na boca de quem não sabe o que está dizendo. Seja por não entender a
profundidade da frase, por zombaria ou porque a frase contém erro(s). Obviamente,
não defendo aqui uma “cultura de gueto”, onde nos apropriamos de palavras e
expressões e rechaçamos seu uso pelo senso comum. Absolutamente, não! O
problema de fato é perceber que à medida em que jargões e frases de efeito
semelhantes ganham as ruas, são devolvidos à igreja com todo o esvaziamento de
sentido, deturpação de valores e teologia rasa – quando não herética
(não-bíblica). Convenhamos, o Evangeliquês
nos faz tropeçar.
Tá ruim de entender? Vamos ao caso.
A frase é:
“Se não vem pelo amor, vem pela dor”.
Se você é brasileiro, cristão ou não, tenho quase certeza que
já ouviu a pérola acima. Mas, antes deixe-me explicar o contexto em que essa
expressão normalmente é empregada. Fala-se – em geral – da vida de uma terceira
pessoa (ou para ela) e da necessidade dela converter-se de seus maus caminhos,
voltando-se para Cristo. Por conversão, entende-se tanto no sentido salvífico
(regeneração) – efetuada soberanamente pelos decretos da eleição e
predestinação de Deus, consumada em Cristo, que única e suficientemente morreu
na cruz, e aplicada e selada pelo Espírito Santo (cf. Efésios 1.3-14); como no
sentido da santificação[i], e
a caminhada diária de arrependimento e giros a 180° tão necessárias à vida
cristã. Em suma, regeneração é o novo nascimento, santificação é o crescimento
que necessariamente resulta dele.
Volte à frase e veja o empobrecimento que ela traz consigo. Se
crer e viver são verbos conjugados no mesmo tempo, intrínsecos a qualquer
cosmovisão, há sérios problemas com esse jargão. Vejamos:
# 1 Esvaziamento da Soberania de Deus:
Crer na frase “se não vem pelo
amor...”, é assumir um Deus que apenas aparentemente é soberano, pois ele “faz
de um jeito, ou de outro”, mas abre uma possibilidade perigosa: Deus tem plano
A e B! Claro que, em tese, não é isso o que quer dizer aqueles que proferem e
professam a posição adotada pela frase, mas nós precisamos lidar com a
realidade de um conceito dúbio aqui.
Se Deus é soberano, se Ele “é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar,
segundo a sua boa vontade” (Filipenses
2.13), não consigo enxergar nas Escrituras Sagradas Deus ‘tentando’ num
primeiro momento operar por um método ou um meio, como quem se esforça em um plano
A, e, em caso de frustração, empreendendo um plano B, uma espécie de ‘tranco’,
de ‘agora vai’! É absurdo e ridículo.
Você consegue imaginar Jó tendo outra conclusão que não seja: “Bem sei que tudo
podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. ” (Jó 42.2)? Definitiva e absolutamente Deus é soberano e reina sobre
tudo e todos (Dn 4:34,35; 7.9; 1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Ap 4.2; conforme Sl
11.4; 45.6; 47.8-9; Hb 12.2; Ap 3.21). É claro, portanto, que a frase não faz
justiça à maravilhosa doutrina bíblica da soberania absoluta de Deus.
# 2 Esvaziamento do Amor de Deus:
Não é raro ver uma ênfase no amor de
Deus associado à frouxidão moral e espiritual. Pega-se essa mesma ênfase – que é
bíblica – e aplica-se a uma caricatura de Deus. Por caricatura de Deus, entenda
ser uma imagem de ou a respeito de Deus, que não condiz com a realidade
revelada nas Escrituras. Gastarei mais tempo falando de amor por ser esse um
dos atributos divinos mais deturpados. Muitos, adotam a crença numa polarização
entre amor e justiça, ou amor e reprovação, amor e disciplina. O amor de Deus,
acima de tudo, é o seu amor por si mesmo, sua glória, e sua santidade. 1 João
4:16 indica isso quando nos diz que Deus é
amor. Em si mesmo como Pai, Filho e Espírito Santo, Deus é o epítome de todo
amor. Para ser um Deus de amor, ele não precisa de nós, nem é a sua glória como
o Deus de amor incompleta sem nós. De eternidade a eternidade ele é amor, em e
de si mesmo, na Trindade. A Escritura define este amor como “o vínculo da
perfeição” (Colossenses. 3:14). Ele é mais do que mero sentimento, emoção ou
sensação. É o vínculo que existe entre as três pessoas perfeitas da Santíssima
Trindade. Porque Deus ama sua própria glória (Is. 42:8; Ez. 39:25), e porque o
amor é o vínculo da perfeição, Deus
não pode amar os homens exceto em e através de Jesus Cristo. Essa é a razão da eleição,
o amor eterno de Deus por alguns, ser “em Cristo”. Somente nele somos perfeitos.
No processo de aperfeiçoamento,
Deus aplica sua vara corretiva a fim de tratar e reconduzir suas ovelhas. O
fato de ser um atributo comunicável[ii],
Deus requer que o amor seja manifestado nas relações humanas também em corrigir outrem. Vemos isso
especialmente na literatura sapiencial ou poética, como em Provérbios (cf. Pv
10.17; 12.1; 13.1; 27.5, etc.). Os amigos e os pais podem errar, mas a
repreensão que vem de Deus sempre busca o nosso bem, e erramos gravemente ao
rejeitar sua palavra: “Filho meu, não rejeites a disciplina do SENHOR, nem te
enfades da sua repreensão” (Provérbios 3:11). O autor de Hebreus reforça esta
instrução: “porque o Senhor corrige a
quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hebreus 12:6, grifo meu). A
correção é sempre uma experiência dura, mas tal qual o remédio amargo visa
nosso bem e, sem sombra de dúvidas, quando vinda de Deus é sempre motivada pelo amor.
# 3 O Esvaziamento da Bondade e Sabedoria de
Deus:
Todos nós estamos familiarizados com
Romanos 8.28: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito". Nessa
passagem, Paulo expõe uma profunda e consoladora verdade para o crente genuíno.
Gosto da forma como o Dr. Joel Beeke expõe esse texto:
“A vida do cristão assemelha-se ao mecanismo de um relógio. O que você vê ao abrir um relógio? Vê que certas engrenagens que giram em sentido anti-horário estão atreladas a outras que trabalham no sentido horário. A sua primeira impressão pode ser de que o mestre relojoeiro está louco ou confuso. Pelo contrário, ele arrumou de tal forma o mecanismo desse relógio e colocou uma mola mestra para controlar todas as suas engrenagens, que quando recebe corda, embora uma engrenagem gire no sentido horário e outra no sentido anti-horário, todas trabalham juntas para mover os ponteiros em torno do mostrador precisamente na velocidade certa. Muitas engrenagens parecem trabalhar umas contra as outras, mas todas trabalham juntas com o mesmo propósito de mostrar o tempo exato. ”[iii]
Isso é apenas uma alegoria da vida do povo de Deus. Algumas
engrenagens nas suas vidas giram em sentido horário, as quais proveem esperança
de que os fatos que ocorrem em suas vidas, dirigidos pela providência de Deus
são bons para eles, mas outros atos da providência de Deus parecem ocorrer no
sentido contrário, ou seja, contra eles. Somente quando seus olhos da fé estão
fixos no grande Mestre-Relojoeiro, que planejou todas as coisas segundo seu
sábio decreto, eles veem e compreendem que Ele ajustou a mola mestra da graça
nas suas vidas, de maneira que todas as engrenagens espirituais e providenciais
cooperam para o seu bem-estar. Sim, irmão, embora muitas vezes pareça que tudo
está girando no sentido anti-horário e contra você, embora às vezes você veja
uma engrenagem da providência trabalhar contra uma engrenagem da graça em
várias aflições e provações, ainda assim o seu sábio Deus sabe exatamente tudo
o que Ele está fazendo. Ele fará todas as coisas cooperarem para a produção de
um abençoado e divino resultado segundo o Seu soberano beneplácito e eterno
conselho.
Finalmente, a “nossa” (minha, não!)
frase depois de analisada sob as Escrituras Sagradas, soa não apenas
inadequada, mas herética, pois desvia os olhos do pecador do sofrimento de
Cristo na cruz – e consequente salvação dos creem – e os põe sobre seu próprio
sofrimento, criando uma falsa antítese entre amor e dor a um Deus que não
apenas é infinitamente sábio, mas “prova o seu amor para conosco, em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. ” (Romanos 5:8). Amor e dor
conjugados no Verbo de Deus.
I A Pergunta 35 do Breve Catecismo de
Westminster é exatamente sobre a definição de ‘santificação’, onde temos a
resposta: “É a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o
nosso ser, segundo a imagem de Deus, e habilitados a morrer cada vez mais para
o pecado e a viver para a retidão” (1Pe 1.2; Ef 4.20-24; Rm 6.6; 12.1-2.).
Na verdade fica claro para quem tem conhecimento e pratica a palavra de Deus...que varias pessoas do passado biblico convertidos e nao convertidos passaram .....nos da a ideia que alguns ouviram mas nao creram e precisaram passar alguma tribulacao para se voltar para Deus...e mais claro essa expressao se ve no povo escolhido que enquanto obedecia tudo lhes ia bem...mas quando desobedeciam e cultuavam os falsos deuses caiam nas maos dos inimigos eram escravisados e perdiam as batalhas...mas quando se lembravam atraves de um ungido o porque de tudo isso e oque deveriam fazer....voltavam a ter paz e vitorias...
ResponderExcluirQuanta bobagem
ExcluirTriste saber ainda que pessoas com uma visão de bom entendimento, ainda acredita na trindade, coisa feita pelo homem iníquo, com alto teor de fermento, será que não sabes da doutrina que inventada por satanás, só estudar a igreja primitiva, história, arqueologia e buscar o verdadeiro nome do Pai e de Seu filho!!
ResponderExcluir1 João 5:7
ExcluirPorque três são os que testificam no céu: O PAI, A Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.
Triste saber ainda que pessoas com uma visão de bom entendimento, ainda acredita na trindade, coisa feita pelo homem iníquo, com alto teor de fermento, será que não sabes da doutrina que inventada por satanás, só estudar a igreja primitiva, história, arqueologia e buscar o verdadeiro nome do Pai e de Seu filho!!
ResponderExcluir