Divagações Sobre Política I


       Nunca antes na história desse país se falou tanto sobre política como agora! Sim, parece que foi preciso a coisa pública adoecer pra que gerasse ao menos uma reflexão, qualquer que seja, sobre os rumos da nação. Muito do que se tem falado e comentado redes sociais afora nada mais são que ecos da Papagaio Records! Gente reproduzindo fala alheia, que repassa sem pensar, posta foto fazendo pose de marinheiro no convés com uma legenda de frase de Che Guevara ou até Clarice Lispector (sempre sobra pra ela, a hour concour de frases na rede de Zuckerberg) falando qualquer coisa parecida com política. Muitos são verdadeiros pseudoepígrafos¹ modernos! Cá com os meus botões ou, em minha 'antropologia de varanda', vejo gente que tem acesso a toneladas de informação, mas ainda prefere ir ao sabor das ondas do momento. É mais fácil ser revolucionário de sofá! Cansa bem menos e o trabalho que se tem é apertar em "Compartilhar" sem conhecer bem acerca do conteúdo e fontes do mesmo.
      'Coxinha', 'reaça', 'petralha' e toda sorte de xingamentos desfilam pelos textos e comentários. Gente que no afã de apresentar seu plano perfeito à lá Cebolinha, aquele da Turma da Mônica, perde um amigo, mas não perde a piada; perde a compostura, mas não perde o meme e a chance de parecer intelectual ao defender suas cores. Não, essas divagações não são uma ode à neutralidade - isso non ecxiste!(sic) - nem ao analfabetismo político, mas são uma tentativa de registrar o que se passa quando o coração azeda e já não há mais espaço para 1 Timóteo 2:1 com sua exortação  às orações em favor dos governantes. Quem dirá Tito 3:1,2 ou Romanos 13:1,2, que tratam de submissão aos que estão investidos de autoridade? Quando a justiça própria se traveste de protesto, deixa de apontar para a falta de confiança em Deus, a quem tudo submete em Suas mãos! Clama-se contra a corrupção nos três poderes - e no quarto [a imprensa] também -, alegando-se a vocação profética da igreja de não se calar ante ao pecado e à absoluta falta de temor a Deus, mas rapidamente se esquece que no ministério profético (especialmente o desenvolvido no Antigo Testamento) denúncia, intercessão e quebrantamento eram a tônica da vida e ministério de Isaías, Jeremias, Ezequiel, Habacuque, Natan e tantos outros profetas.
       Vale o panelaço dessa semana, vale ir às ruas - de cara limpa e sem espírito de porco - mas vale também ou muito mais, a oração e o temor a Deus. Vale entender a velha máxima de que opor-se a ideias é natural e sadio, às pessoas, não. Há casos em que, diferente do que prega o ecumenismo e outros mimetismos, não há como 'salvar' nem mesmo a convivência... Daí, resta-nos a educação, o bom senso e a galhardia de manter-se resoluto sem apelar à baixaria. Ignorantes e intelectuais, sóbrios e destemperados, que Deus nos ensine como Igreja a lidar com tudo isso como nunca antes na história desse país

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¹Pseudoepígrafos: são textos antigos, aos quais é atribuída falsa autoria.

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