COMO A ENCARNAÇÃO ME HUMILHA
por Tim Challies*
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Óleo sobre tela: Adoración de los Pastores, 1668, Murillo | Museo de las Bellas Artes (Sevilla, Espanha) |
O Natal se aproxima rapidamente e, como eu
costumo fazer nesta época do ano, sinto uma tensão entre o Natal como um dia
para comemorar o nascimento de Jesus, e o Natal como um dia para dar presentes
e gastar tempo com a família. Eu não encontro nenhuma boa razão para sentir
esta tensão, como se essas coisas não pudessem coexistir e ainda acontecem ano
após ano.
Enquanto o Natal se aproxima, minha igreja
passará quatro domingos estudando Cânticos para o Salvador. Os quatro registros
de canções que Lucas relata nos capítulos iniciais sobre a vida de Jesus. No
domingo passado, estudamos a canção de Maria e vimos uma oportunidade de
responder às notícias da encarnação de Cristo como ela fez: crendo nos bons propósitos
de Deus e regozijando-se na pessoa de Deus revelada no milagre de tornar-se
homem.
O que se destacou pra mim na resposta de
Maria, à notícia de que ela daria a luz a esta criança, foi sua humildade
perante tudo. Você pode achar que ser escolhida para ser a mãe do Messias pode
gerar orgulho, mas não é o que vemos em Maria. Embora ela tenha entendido
prontamente que as pessoas a considerariam eternamente abençoada, ela sabia que
não era digna dessa honra. Não era nada que ela tinha conquistado.
“…pois atentou para a humildade da sua
serva. De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o
Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome. ” (NVI, Lucas 1.48-49)
Essa não é a Maria do Catolicismo Romano,
que era sem pecado, e, assim, a mãe mais apropriada de toda a história humana.
Não, ela é uma garota pecadora que precisava desesperadamente do Salvador que
carregava. Ela é humilhada em sua própria honra e isso porque ela tinha uma
avaliação realista de quem era.
“Ele realizou poderosos feitos com seu
braço; dispersou os que são soberbos no mais íntimo do coração. Derrubou
governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes. Encheu de coisas boas os
famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos. ” (NVI, Lucas 1.51-53)
Você vê o que ela faz aqui? Ela se compara
às pessoas que têm grandes dons intelectuais, que têm grande poder e
autoridade, e que têm grandes riquezas. Ela percebe que é apenas uma garota de
uma cidade pequena e sem importância em uma província fora do caminho. Como um
autor disse, ela é ninguém em uma cidade qualquer no meio do nada.
De tudo que eu amo sobre Deus – e existem
muitas coisas que eu poderia listar! – esta é uma das que eu mais amo: que ele
escolheu cada pessoa miserável para desfrutar de seus dons e de sua graça. Ele
ergueu aqueles que sabiam que eram indignos e derrubou aqueles que se
consideravam mais dignos. Ele passa por cima dos brilhantes, ricos, poderosos e
em vez disso, concede sua graça aos perdidos e aos menores.
Observando a canção de Maria, e
considerando sua expressão de grande humildade, creio que há pelo menos mais
duas formas que a encarnação deve me humilhar.
A encarnação tem o propósito de me humilhar
porque ela me diz que eu preciso desesperadamente de um Salvador. Eu preciso
que esse Deus-homem nasça neste mundo para me salvar da condenação que eu
trouxe sobre mim. Eu não posso me salvar! Deixe-me por conta própria e eu
estarei tão perdido e sem esperança. Sem ajuda de fora, irei encarar a
eternidade longe de toda a graça de Deus. A encarnação me humilha por colocar
os holofotes na realidade da minha condição natural.
A encarnação também tem o propósito de me
humilhar como reflexo da realidade de que eu – eu e todas as pessoas – sou
beneficiário de toda a graça que entrou no mundo com Jesus Cristo e através
dele. Por ele, recebi aquilo de que mais precisava, mas que eu menos merecia.
Como todo cristão, posso experimentar as maravilhas de ver toda a graça, amor e
perdão que são meus e me maravilhar por tudo isso ser entregue a mim. Para mim!
É humilhante saber do que fui salvo e é humilhante saber para que fui salvo.
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Tim Challies. É pastor da igreja Grace Fellowship, em Toronto, no Canadá,
editor do site de resenhas Discerning
Reader e cofundador da Cruciform
Press. Casado com Aileen e pai de três filhos, ele também é blogueiro, web
designer e autor de várias obras.
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