ONDE A HISTÓRIA DO NATAL COMEÇA?
por Albert Mohler Jr.*
![]() |
Magos a caminho de Belém (cf. Mateus 2.1-12) |
Conforme a celebração do Natal vai
chegando, as histórias infantis mais familiares encontradas nos Evangelhos de
Lucas e Mateus vão chamando nossa atenção. Isso é um bom sinal. Afinal de
contas, o Evangelho de Jesus Cristo se baseia na historicidade dos eventos que
ocorreram em Belém quando Cristo nasceu. Nosso entendimento da identidade de
Jesus Cristo está diretamente ligado a essas narrativas e a nossa confiança está
no fato de que Mateus e Lucas nos dão relatos historicamente críveis e
completamente verdadeiros dos eventos que cercaram o nascimento de Cristo. Um
olhar mais detalhado sobre as narrativas de Mateus e Lucas revelam uma riqueza
que a familiaridade pode esconder de nós. Mateus começa com a genealogia de
Cristo, demonstrando a sequência de gerações conforme Israel antecipou o
nascimento do Filho de Davi – o Messias. Lucas, que pretendia fazer um “relato
ordenado” dos eventos acerca de Jesus, começa com a antecipação ao nascimento
de João Batista e então parte para a narrativa do nascimento virginal de Jesus.
Uma leitura aprofundada de Mateus e de
Lucas revela tanto a elegância nos detalhes como a vasta amplitude da história
do nascimento de Cristo. Mateus dá atenção particular ao cumprimento da
profecia do Antigo Testamento. O nascimento virginal, o nascimento de Cristo em
Belém da Judeia, o massacre dos bebês a mando de Herodes, a fuga para o Egito e
o papel de João Batista como precursor são todos apresentados como cumprimento
de profecias específicas do Antigo Testamento. Cada palavra do Antigo
Testamento aponta para Cristo. Ele não é apenas o cumprimento das profecias do
Antigo Testamento a seu respeito, mas é o cumprimento perfeito da lei e dos
profetas – a totalidade das Escrituras do Antigo Testamento. A história de
Cristo não começa em Belém, pois a promessa do Messias era para toda Israel.
Como Lucas revela, Simeão contemplou Jesus ainda bebê no templo e entendeu que
a criança era “o Cristo do Senhor” – o Messias Davídico. Simeão entendeu isso
claramente – a história do Natal não começou em Belém, ou mesmo em Jerusalém.
Então, onde realmente começa a história do
Natal? Nós lemos no Evangelho de João: “No princípio era aquele que é a Palavra
Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as
coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido
feito. ” [João 1.1-3]. O prólogo do
Evangelho de João aponta para a Criação e para Cristo, o Logos divino, como o
agente da Criação. Assim, com a linguagem que remete diretamente a Gênesis,
João começa seu Evangelho “no princípio”.
Em outras palavras, a história do Natal
começa antes da criação do mundo. Quando celebramos o Natal e contemplamos a
história do Natal, devemos ser muito cuidadosos para não começarmos a história
em Belém, ou mesmo em Nazaré, onde Maria foi confrontada por Gabriel com a
mensagem de que ela seria a mãe do Messias. Não devemos nem começar com Moisés
e os profetas e a expectativa da vinda do Filho do Homem, o Servo Sofredor
prometido, e o Messias Davídico anunciado. Devemos começar antes de o mundo ter
sido criado e antes da humanidade ter se formado, e antes da Queda.
Porque isso é tão importante? De forma
simples, se nós não entendermos direito a história, não entenderemos direito o
Evangelho. Se contado de qualquer forma, a história do Natal pode soar como o
“Plano B” de Deus. Em outras palavras, podemos fazer a história do Natal algo
como Deus apelando para um novo plano, ao invés de estar cumprindo tudo o que
havia prometido. Devemos tomar muito cuidado para contar a história do Natal de
tal forma que deixemos claro o Evangelho. O Natal não é o plano secundário de
Deus. Antes de ter criado o mundo, Deus determinou a salvação de pecadores
através do sangue de seu próprio Filho. A grande narrativa da Bíblia aponta
para essa verdade essencial – Deus determinou sua glorificação através da salvação
de um povo redimido e comprado por seu próprio Filho, o Cristo. Belém e o
Calvário foram partes essenciais do plano de Deus desde o começo, antes da
realidade ter sido chamada a existência, quando o Filho obedeceu a vontade do
Pai na criação.
A história do Natal não começa em Belém,
mas nós apropriadamente olhamos para Belém como o cenário do evento mais
decisivo da história da humanidade – a encarnação do Filho de Deus. Mesmo quando voltamos nossa atenção para Belém,
demos nos lembrar que a história de nossa salvação não começa lá. Essa história
começa no eterno propósito de Deus. “No princípio era aquele que é a Palavra
Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. ” É aí que a
história do Natal começa, e João nos leva diretamente a essência do que
aconteceu em Belém: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós.
Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” [João 1.14]
Tenhamos a certeza de entender a história
do Natal corretamente, do início ao fim.
_____________
*Albert Mohler Jr. é reconhecido como um
dos líderes mais influentes dos Estados Unidos pelas revistas Time e Christianity Today. Possui um programa no rádio que é transmitido
em mais de 80 estações em todo o país. É presidente do Southern Baptist Theological Seminary.
Fonte: Reforma21
| Traduzido por Filipe Schulz
Comentários
Postar um comentário
As opiniões expressas nos comentários não refletem, necessariamente, posicionamentos e convicções do autor do blog. Reservo-me o direito de apagar comentários ofensivos à moral, bom senso e a civilidade.
***
Caso queira comentar, mas não possui conta no google (Gmail), selecione a opção "Nome/URL". URL é o endereço do seu site/blog, caso não tenha ou não queira mencionar, insira seu nome e deixe o campo URL em branco.