QUEM DEVE ACONSELHAR?
De quem é o dever de aconselhar? Seria essa
uma obrigação somente dos pastores ou de uma classe profissional específica? Ou
será que todo cristão é chamado a isso? E, se todo cristão deve aconselhar, com
que autoridade fariam? Ora, uma vez que cremos que a Bíblia deve reger não
apenas o conteúdo do nosso aconselhamento, mas também definir o seu método e
guiar sua operacionalização, precisamos buscar nas Escrituras as respostas a
essas perguntas.
DE
QUEM É O DEVER DE ACONSELHAR?
Uma das marcas do movimento de
aconselhamento bíblico tem sido o seu comprometimento com a prática do
aconselhamento vinculado à igreja local, executado pelos seus ministros e
membros, e supervisionado pelos seus pastores e líderes. Essa característica do
aconselhamento bíblico contraria a tendência cultural do profissionalismo, e
devolve a obrigação do cuidado pastoral às igrejas locais.
Quando o apóstolo Paulo escreveu à igreja
em Colosso, sua exortação para que eles se aconselhassem mutuamente não foi
direcionada a qualquer grupo específico de pessoas, mas a todos os membros
daquela congregação:
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. ” (Colossenses 3.16)
Do mesmo modo, quando Paulo escreve à
igreja em Roma, ele não fez qualquer distinção:
“E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes [aconselhardes] uns aos outros. ” (Romanos 15.14)
Diante de textos como esses, podemos
concluir que o dever de aconselhar é de todo crente no Senhor Jesus Cristo.
Aconselhar é também cumprir o que Jesus nos ordenou ao comissionar sua igreja—
“ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. ” (Mateus 28.20a). Portanto, aconselhar
não é uma opção do cristão. Faz parte da missão que nos foi dada pelo nosso
Mestre.
COM
QUE AUTORIDADE O CRISTÃO ACONSELHA?
Quando ouvimos que todos os cristãos são
chamados a aconselhar, é possível pensar: “Os pastores podem aconselhar porque
estão em posição de autoridade, mas com que autoridade poderia eu aconselhar
alguém? Quem sou eu pra dizer o que as pessoas devem ou não fazer? ” Realmente,
você e eu não somos ninguém para dizer aos outros o que eles devem ou não
fazer. Mas Deus é. Ele é o Criador de tudo e todos e tem autoridade para
estabelecer sua vontade em qualquer aspecto da nossa existência. É exatamente
por isso que o aconselhamento deve ser bíblico. Se o aconselhamento é bíblico,
a autoridade de seu conteúdo não reside no conselheiro, mas na fonte da palavra
que está sendo ministrada—na autoridade do próprio Deus. Pois, “toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16–17).
O nosso coração, que é a raiz de nossos
pensamentos, emoções e comportamentos, só pode ser discernido e transformado pelo
poder e pela autoridade de Deus. “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e
mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus
4.12). Assim, todo Cristão é chamado a aconselhar, não por sua própria
autoridade e sabedoria, mas na autoridade, sabedoria e poder de Deus,
provenientes da sua palavra.
BUSCANDO
SER CONSELHEIROS FIÉIS
O professor e teólogo americano R. C.
Sproul costuma dizer que todos nós somos teólogos—uns bons, outros maus.
Poderia se acrescentar que todos somos conselheiros—uns bons, outros maus. No
nosso dia-a-dia encontramos inúmeras oportunidades de ajudar outras pessoas com
palavras de encorajamento, ou mesmo de correção. A diferença é que o mau
conselheiro se utiliza de opiniões pessoais, e até mesmo de convicções, que
provêm de sua própria mente. De outro lado, o bom conselheiro simplesmente
ministra a palavra de Deus. Enquanto o conselheiro ruim não passa de um
palpiteiro, o conselheiro bíblico não passa de um mensageiro.
Mas o que fazer, então, para sermos
mensageiros fiéis? A fim de aconselharmos biblicamente com fidelidade e boa
mordomia das oportunidades que Deus nos concede, precisamos nos preparar.
Precisamos buscar conhecer profundamente a mensagem do evangelho que nos foi
confiada a fim de ministrá-la em verdade e de forma prática.
Algumas maneiras de nos equipar são: 1) a leitura frequente de artigos e
livros que se utilizam de uma perspectiva bíblica para tratar dos mais diversos
tipos de questões; 2) a participação
em treinamentos que auxiliam no nosso preparo como conselheiros; 3) o acompanhamento de conselheiros
mais experientes que estejam dispostos a nos supervisionar.
No fim das contas, a competência para
aconselhar, conforme Romanos 15.14,
nada mais é do que o resultado de uma jornada devocional, diligente e
disciplinada, por conhecer e amar mais ao Senhor e às pessoas ao nosso redor,
de acordo com os caminhos apontados pela palavra de Deus.
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