TODA AUTORIDADE NO CÉU E NA TERRA
Roland Barnes*
Quem tem autoridade para mandar em outros?
O que dá a alguém o direito de mandar em alguém? Essa questão pode ser
levantada em relação a todas as áreas da vida: a vida em família (pais), a vida
na igreja (pastores, presbíteros), a vida civil (governantes, reis e assim por
diante). Quem autoriza os pais, pastores, presbíteros e reis a governarem em
suas respectivas esferas?
É digno de nota que, antes de Jesus
comissionar seus discípulos em Mateus
28.18-20, ele asseverou a sua autoridade para fazê-lo. Havendo realizado a
obra da redenção, ele antecipou sua ascensão e coroação, aquele ponto em que
ele haveria de se assentar à destra do Pai e receber o nome que está acima de
todo nome nos céus e sobre a terra (Efésios
1.20-23).
Autoridade é o direito de governar, de
mandar, de exercer domínio. A palavra grega exousia,
traduzida para o português como autoridade em Mateus 28.18-20, literalmente
significa “aquilo que emerge do ser”. É o direito de governar que emerge das
presentes condições (estado de ser) ou da relação em que alguém se encontre. Um
pai tem o direito de governar em virtude da relação ordenada por Deus que o pai
tem com seu filho. Jesus tem o direito de governar em virtude do seu presente
estado de ser, ou condição, como aquele que venceu o pecado, a morte e o
inferno.
Assim, antes de o Senhor Jesus comissionar
os seus discípulos, ele asseverou a sua autoridade para fazê-lo. Eis aqui a
reivindicação de autoridade universal e ilimitada. Devemos notar primeiro a
fonte de sua autoridade: ele a recebeu de seu Pai. Em seu estado de humilhação
(a sua vida terrena antes da ressurreição), ele possuía autoridade, mas havia
voluntariamente limitado o seu exercício. Contudo, em algumas ocasiões ele a
asseverou com grande poder.
Durante o seu ministério, a sua autoridade
era manifestada no modo do seu ensino (Mateus
7.29), ao assegurar o perdão de pecados (9.6), ao acalmar o mar (8.26),
ao curar toda sorte de enfermidade e doença (9.35), ao expulsar demônios (12.22)
e ao obter a vitória sobre a própria morte (João 11.43).
Mas todos esses exercícios de autoridade
não eram senão manifestações pálidas da autoridade ilimitada e universal que
lhe foi devolvida pelo Pai em sua exaltação. Agora Jesus reivindica “toda
autoridade no céu e na terra”. E, depois, o apóstolo Paulo escreve aos
Filipenses, dizendo que agora Deus o Pai “exaltou sobremaneira” o Filho, de
modo que ao seu nome “todo joelho se dobrará”. Todas as coisas foram colocadas
sob sua autoridade (Filipenses 2.9-10).
Certamente, Jesus, sendo o eterno Filho de
Deus, tem autoridade em si mesmo. Ele possui autoridade, segundo a sua
divindade, juntamente com o Pai e o Filho. Ele, juntamente com o Pai e o
Espírito, é o soberano criador e sustentador de tudo o que existe.
Contudo, em sua encarnação e humilhação,
ele escolheu não exercitar a sua autoridade do mesmo modo como fazia antes.
Como afirma o Breve Catecismo de
Westminster, ele foi “colocado sob a lei” (P&R 27). Ele, que com o Pai
e o Espírito expressara a sua soberana vontade na autoridade da sua santa lei,
estava agora sujeito à sua lei. Jesus, em sua encarnação, experimentou a
humilhação de estar sob a autoridade de meros homens: pais, governantes civis,
e assim por diante. Ele escolheu não exercer os plenos privilégios de sua
autoridade e permitiu a si mesmo ser governado, até mesmo abusado, por homens
mortais e malignos.
Mas, depois de ter realizado a obra que o
Pai lhe confiara, ele foi exaltado às alturas como o Deus-homem, o Messias.
Jesus então recebeu autoridade do Pai. Sua autoridade pré-encarnada foi
restabelecida, ao ser ele investido da autoridade do alto como Senhor e Cristo.
A profecia messiânica do Salmo 2 se cumpriu em Jesus (Atos 13.33; Hebreus 1.5;
5.5). Ao longo do Antigo Testamento,
Israel recebeu a promessa de um Messias que seria exaltado ao lugar de suprema
autoridade e domínio. O Salmo 2.6-8 estabelece que o Messias receberia as
próprias nações da terra como sua herança. Todos os seres angelicais, santos,
profetas e apóstolos se prostram diante dele, reconhecendo que ele é o Rei dos
reis e o Senhor dos senhores. E, um dia, todos os seus inimigos serão
conquistados e postos por estrado de seus pés (Salmo 110.1).
Observe também a extensão da sua
autoridade. É ilimitada. A sua autoridade não se restringe por jurisdição ou
geografia. Ele recebeu do Pai toda a autoridade, sem limitações ou restrições.
Nós sabemos que é assim porque Jesus acrescenta a esclarecedora expressão “nos
céus e na terra” – todo lugar no universo em que qualquer autoridade possa ser
exercida. Ele recebeu toda a autoridade nos reinos espiritual e material, nos
céus e na terra. Não há lugar neste universo sobre o qual ele não tenha
recebido autoridade. A sua autoridade penetra cada reino e cada esfera de
influência.
Foi sobre esse fundamento que Jesus
comissionou seus discípulos. Não seria a Grande Comissão se ela não repousasse
sobre essa grande reivindicação de autoridade universal e ilimitada. E, sendo
autorizados pelo próprio Senhor, os discípulos seguiram adiante e viraram o
mundo de cabeça para baixo.
____________
Fonte:
Ministério Fiel.
Autor:
Rev. Roland Barnes é pastor sênior da Trinity Presbyterian Church (PCA) em Statesboro, Ga. Ele também faz
parte da diretoria da Sociedade Missionária Cristã (Christian Missionary Society).
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