UMA ALTERNATIVA À CRÍTICA MORDAZ
por Lou
Priolo*
Tempo
atrás, o telefone tocou em meu escritório. Uma aconselhada queria me contar que
seu marido, que não é do tipo que distribui elogios com facilidade, havia dito
que ela era um anjo.
“Isso é
maravilhoso”, eu respondi.
“Sim”,
ela explicou, “ele disse que sou um anjo que está sempre tocando uma trombeta!
”.
A
crítica pode assumir várias formas, do sarcasmo ao insulto ou ao julgamento de
motivações. Ela pode ser uma das dinâmicas de comunicação mais destrutivas nos
relacionamentos. Existem, porém, momentos em que aqueles que amamos precisam
ser confrontados ou “criticados” biblicamente. Consequentemente, há momentos em
que precisamos ensinar aos nossos aconselhados como confrontar alguém. Mas será
mesmo a arte da crítica mordaz aquilo que queremos ensinar?
Existe
algo melhor: uma habilidade de comunicar que produz resultados sem provocar um
estrago desnecessário no relacionamento, aquele estrago que acompanha
frequentemente uma crítica. Na verdade, para o cristão, o desenvolvimento desta
habilidade de comunicação não é matéria optativa, visto que recebemos a ordem
de praticá-la:
“Se o seu irmão pecar, repreenda-o…” (Lc 17.3).
“Não
guardem ódio contra o seu irmão no coração; antes repreendam com franqueza o
seu próximo para que, por causa dele, não sofram as consequências de um pecado”
(Lv 19.17).
A
prática de confrontar um irmão ou uma irmã que está em pecado é uma arte
esquecida no acervo das técnicas bíblicas para a solução de conflitos. No
entanto, a Bíblia está repleta de orientações e instruções sobre como fazer e
receber uma repreensão. Este breve artigo traz apenas algumas diretrizes
básicas para a confrontação efetiva.
1. Examine suas motivações
O alvo
da sua confrontação, de acordo com Gálatas 6.1, deve ser a restauração.
“Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são
espirituais, deverão restaurá-lo…”. A sua motivação, a esta altura, deve ser
restaurar, e não ridicularizar nem tirar alguma vantagem pessoal.
2. Examine sua vida
Outro
pré-requisito para restaurar um irmão em pecado é: “Cuide-se, porém, cada um
para que também não seja tentado” (Gl 6.1). “Hipócrita” foi a palavra que Jesus
usou para descrever aqueles que não se davam conta da “viga” no próprio olho
antes de falar com outros a respeito de seus “ciscos” (Mt 7.3-5).
3. Escolha o momento certo
Há
“tempo de calar e tempo de falar” (Ec 3.7). O melhor momento para confrontar é
quando a outra pessoa pode lhe dar atenção.
4. Escolha as palavras certas
“O
justo pensa bem antes de responder” (Pv 15.28). É necessário investir tempo,
esforço e raciocínio para selecionar as palavras certas para expressar os
princípios bíblicos que foram violados. A verdade deve ser dita, mas ela deve
ser dita em amor, de acordo com a necessidade (cf. Ef 4.15). É recomendável dar
exemplos específicos do erro, especialmente quando se trata de um pecado
habitual.
5. Encoraje à medida que corrige
Para
seis das igrejas do Apocalipse (Ap 2), o Senhor começou sua mensagem com elogio
e incentivo. O elogio e o encorajamento servem para que o irmão que está em
pecado tenha certeza do seu amor e sinceridade, bem como para suavizar “as
feridas leais de um amigo” (Pv 27.6).
6. Prepare-se para sugerir uma solução
bíblica
À
igreja de Éfeso, o Senhor incluiu em sua mensagem de repreensão uma solução em
três passos para o problema do abandono do primeiro amor. Eles deveriam: (1)
lembrar-se de onde tinham caído, (2) arrepender-se e (3) voltar à prática das
primeiras obras. Geralmente, uma solução bíblica envolve identificar e praticar
uma alternativa bíblica ao comportamento pecaminoso que deve ser abandonado.
7. Comunique a repreensão com espírito manso
(Gl 6.1)
O
pecado de outros contra Deus pode ocasionalmente provocar em nós uma ira justa.
É fundamental, porém, que não expressemos essa ira justa de maneira pecaminosa.
Paulo nos adverte a respeito de termos um espírito manso.
Uma
última passagem bíblica que preciso mencionar para aqueles que lutam com o
temor de serem rejeitados por uma pessoa a quem confrontarem é Provérbios
28.23: “Quem repreende o próximo obterá por fim mais favor do que aquele que só
sabe bajular”. Em geral, após a repreensão e a restauração, Deus é glorificado
e aquele que confrontou encontra favor aos olhos de seu irmão arrependido.
_________
Fonte: NANC Resourse Library | Original: A Biblical Artenative to
Criticism, publicado em The Biblical Counselor, June 1990, p. 1.
*Lou
Priolo é diretor do Centro de Aconselhamento Bíblico da Igreja Presbiteriana
Eastwood de Montgomery, no Alabama, onde reside com a esposa Kim e duas filhas.
Estudou no Calvary Bible College e na
Liberty University, e leciona no Birmingham Theological Seminary. Além de
conferencista, é autor de vários livros, alguns dos quais já estão disponíveis
em português.
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