SEU REINO AGUARDA VOCÊ


Por Paul Tripp


Eu vivo na Philadelphia, e a alguns quilômetros fora dos limites da cidade fica o Shopping Rei da Prússia. Esse complexo contém mais espaço dedicado ao varejo do que qualquer outro shopping nos Estados Unidos! Há uns anos, o shopping lançou um slogan: “seu reino aguarda você”.

Quem quer que tenha inventado a frase era um teólogo brilhante e profundo conhecedor da condição do coração humano. Desde o princípio dos tempos, a mentira do inimigo é essa: a alegria e a satisfação definitivas só serão conquistadas quando você construir seu próprio reino. No Jardim do Éden, Adão e Eva acreditaram que seriam capazes de erguer um reino maior e mais satisfatório do que o Reino de Deus. Quando a serpente disse “vocês serão como Deus” (Gênesis 3:5), ela os estava convidando a uma falsa existência na qual eles seriam os maiorais e ninguém os questionaria.

Todo dia, assim como naquele slogan do shopping, você e eu somos convidados a construir nossos próprios reinos. Mas não podemos culpar os varejistas e os publicitários por isso. É unicamente por causa do pecado que habita em nós que somos atraídos ao mal que está fora de nós. Então qual é o risco de construirmos nossos reinos sobre situações, locais e relacionamentos do cotidiano? Vamos abrir a Bíblia para achar alguns exemplos. Lembre-se, “essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram” (1 Coríntios 10:6).

1 – Prazer e Conforto: em Números 11, os israelitas estavam dispostos a sacrificar a própria liberdade deles simplesmente porque, no Egito, eles ao menos tinham “carne, peixe, pepinos, melões, alho-poró, cebolas e alho” (11:5).

Eu me encanto em pensar o quanto da glória de Deus na criação é comestível, e não é pecaminoso curtir o conforto. Mas fique alerta. Perseguir prazer momentâneo e sensorial numa tentativa de construir nosso próprio reino sempre nos levará à escravidão.

2 – Agenda e organização: em Êxodo 32, os israelitas construíram um bezerro de ouro em um ato hediondo de idolatria. Por quê? Uma das razões foi que “Moisés demorou a descer do monte” (32:1).

Eu sou totalmente orientado por tarefas, e organização e gestão de tempo é importante no Reino de Deus. Mas fique alerta. Permitir que nossas agendas se tornem um ídolo dominador pode nos levar a atos errados de adoração.

3 – Posição e poder: em Lucas 22, Jesus está assentado com seus discípulos, instituindo a Nova Aliança. O que poderia ser mais importante que isso naquele momento? Mesmo assim, “uma disputa surgiu entre eles, sobre quem era considerado o maior” (22:24). Deus sabiamente criou estruturas de liderança e deu diferentes dons aos homens. Mas fique alerta. Nossa posição pode nos subir à cabeça de tal forma que nos tornamos cegos e perdemos os mais belos momentos do Reino de Deus.

4 – Afirmação e aprovação: Em Gálatas 2, Paulo reconta a história de quando Pedro cedeu ao seu temor de homens (2:12) e deturpou a mensagem do Evangelho, ao qual ele havia sido chamado para representar.

Nós devemos nos esforçar para sermos respeitados e amados pelos outros. Mas fique alerta. Nossa preocupação sobre o que vão pensar de nós pode rapidamente moldar nossas ações e palavras mais do que as transcendentes glórias do Evangelho.

Permita-me repetir: prazer, conforto, agenda, organização, posição, poder, afirmação e aprovação não são coisas sem importância no Reino de Deus.

Mas tome cuidado. Com uma frequência grande, essas coisas podem se tornar a motivação que dirige nossos corações, e a base sobre a qual construímos nosso reino pessoal.

Vamos orar, hoje, por proteção: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino, seja feita tua vontade, assim na terra como no céu”.


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Originalmente publicado em PaulTripp.com

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