A SEPARAÇÃO MARXISTA DA IGREJA E O ESTADO
Por R. J. Rushdoony
Um entendimento da doutrina marxista da
separação da igreja e o Estado é urgentemente necessário, porque há uma
crescente confusão entre a visão marxista e a antiga posição americana.
No mundo marxista, como na União Soviética,
a separação da igreja e o Estado significa que a igreja deve ser totalmente
separada de cada área da vida e pensamento. Ela não tem a permissão de educar
ou influenciar a educação, muito menos influenciar o Estado. Porque as crianças
são vistas como propriedade do Estado, a igreja não pode influenciar ou ensinar
as crianças. Em todas as esferas, a igreja é isolada do mundo e vida dos seus
tempos e requer-se que ela seja irrelevante e impotente. Na visão marxista, a
separação da igreja e o Estado é um grande obstáculo e penalidade legal
impostos sobre a igreja. É na verdade uma separação da relevância, do poder de
influenciar, e da liberdade para funcionar.
Na visão americana histórica, a Primeira
Emenda coloca todas as restrições sobre o governo federal, que é impedido de
estabelecer, governar, controlar ou regular a igreja. A visão marxista algema a
igreja; a visão americana algema o Estado.
Em anos recentes, o Estado, Congresso, os
tribunais e vários presidentes têm manifestado, em diferentes graus, uma
aderência à visão marxista. Assim como o poder estatal invadiu todas as outras
esferas da sociedade, agora ele está invadindo a igreja. Assegura-se que o
Estado tenha total jurisdição sobre cada esfera, e os tribunais em anos
recentes têm se pronunciado sobre absurdos tais como código de vestimenta nas
escolas e tamanho do cabelo de um garoto. Nenhuma questão é demasiadamente
insignificante para ser ignorada pelos tribunais em seu zelo por jurisdição
totalitária. Sem serem marxistas, eles compartilham da crença marxista da
jurisdição total do Estado. Como esperado, eles estão se movendo na mesma
direção.
Isso não deveria nos surpreender. Dada a
crença humanista no homem ou Estado como absolutos, qualquer liberdade ou poder
alegado pela igreja é visto como irrelevante ou errado. O humanista está sendo
fiel à sua fé, às suas pressuposições.
O fato triste é que muitos teólogos
compartilham da visão marxista. Para eles a separação da igreja e o Estado
significa que a igreja nunca deve se envolver com algo que seja de preocupação
política. Sou com frequência informado por leitores sobre pastores e líderes de
igreja que não permitem a menção de aborto, homossexualidade, eutanásia e
questões semelhantes no púlpito, e nem mesmo nas instalações da igreja. Tais
assuntos, insistem eles, são “políticos” e “violam” a separação da igreja e o
Estado. Eles chamam de ortodoxia a sua confusão, covardia e heresia.
Os profetas, pregadores de Deus de outrora,
eram ordenados pelo Senhor a proclamarem a lei-palavra de Deus com respeito a
todas as coisas e a corrigir e repreender reis e governadores. Quando o nosso
Senhor promete aos seus discípulos que eles seriam levados diante de
governadores e reis por Sua causa, e “para testemunho contra eles” (Mt 10.18), ele não quis dizer que então
eles deveriam repudiar a fé, ignorar o aborto e o homossexualismo, e ficarem
calados sobre os pecados do Estado!
Não há limites para a área do governo, lei
e controle soberano de Deus. Não pode haver limites para as áreas de testemunho
da igreja, nem para a sua pregação e preocupações ordenadas.
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Fonte:
Christianity and the State, de R. J.
Rushdoony
Tradução:
Felipe Sabino de Araújo Neto, maio/2010
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