COMO AGIR DIANTE DE UM GOVERNO CORRUPTO (Parte 2)


por Wilson Porte Jr*

Estátua simbolizando a Justiça, em frente ao Supremo Tribunal Federal, na Praça
dos Três Poderes (Brasília-DF). Foto: Bruno Stuckert/Folhapress

 “Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem”. (1Pe 2.13–14)

        A Bíblia diz que todos devemos nos sujeitar àqueles que estão instituídos como autoridade sobre nós. Seja na igreja, seja na sociedade, seja na universidade, seja em uma empresa, o cristão sempre age com respeito e humildade. E esse respeito não é por causa da autoridade humana, mas “por causa do Senhor”, conforme escreveu Pedro no texto acima.

Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, afirmou que toda autoridade é enviada por Deus. Sejam autoridades boas, sejam autoridade más. Sejam governos que respeitem o povo, sejam governos que humilham o povo. Sejam governos que respeitam princípios cristãos, sejam governos que legislam contrariamente à Palavra de Deus. Até mesmo um governo que prenda ou mate o Seu povo é enviado por Deus.

       A Bíblia não apenas afirma isso, como mostra na prática governos que o Senhor levantou para destruir um povo que lhe era infiel: Império Assírio contra o Reino do Norte (Israel), Império Babilônico contra o reino do Sul (Judá), Império Egípcio escravizando por 400 anos os descendentes de Jacó (israelitas), reinos do oriente próximo, vizinhos à Israel, que por diversas vezes os atacou e destruiu, Império Romano subjugando os israelitas e, finalmente, em 70 d.C. destruindo completamente a cidade de Jerusalém, etc.

O profeta Daniel, quando cativo na Babilônia junto de todo o povo judeu, expressou crer nessa verdade ao dizer:
“Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes”. Dn 2.20–21

Quem é que “remove reis e estabelece reis”? Os homens? A democracia? O povo? As articulações políticas? É óbvio que não! E mais: Daniel aqui não falava de reis tementes a Deus. Ele falava sobre um rei que não temia a Deus, que havia destruído as casas, famílias e cidades de Seu povo, e que os mantinha cativos distantes de sua nação.

Ainda que todos nós devamos exercer nossa cidadania votando inteligentemente, o resultado final sempre revelará os propósitos de Deus. Por pior que seja uma autoridade, ela vem sempre sob os propósitos eternos e insondáveis de Deus. Nada foge ao Seu soberano controle! Daniel, certa vez, disse isso para a autoridade máxima de seu tempo:
“Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles”. Dn 4.17

       Deus dá a quem Ele quer a autoridade sobre as nações. Com que objetivo? Pedro responde no texto do início desta pastoral: tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Então, o que cabe a nós? No último artigo sobre esse tema (você pode ler aqui), comecei a escrever sobre como os cristãos devem reagir diante da corrupção dos que os governam.

Seja em que nível for, municipal, estadual ou federal, a corrupção sempre destrói e deve ser combatida. Vimos lá que os cristãos devem ousadamente orar, pacificamente protestar, e biblicamente discordar sempre que uma autoridade agir de um modo anticristão.

A política é apenas um meio para que o Senhor cumpra seus eternos propósitos. É por isso que nossa confiança não pode estar nos políticos, no governo, ou nas assistências que deles recebemos. Nossa confiança deve estar no Senhor. Sejam os políticos bons ou maus, Deus sempre fará com que “todas as coisas cooperem para o bem daqueles” que o amam com todo o coração (Rm 8.28).

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Wilson Porte Jr. é ministro da Convenção Batista Brasileira, pastoreando atualmente a Igreja Batista Liberdade, em Araraquara-SP. Texto publicado originalmente aqui.

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