CRESCENDO COM OS SALMOS – Aprendendo a orar


Há pouco mais de um ano, Saffira e eu conversamos sobre a necessidade de orarmos mais um pelo outro e também intercedermos por familiares, amigos, conhecidos e desconhecidos cujos pedidos de oração chegassem a nós.  Foi quando tomei a decisão de adotarmos os Salmos como livro para nossa meditação semanal. O tempo passou e nós não estamos nem perto de terminar a leitura, porque descobrimos o valor de ruminar cada versículo juntos. Em alguns momentos fraquejamos em nosso compromisso, mas estamos convictos em insistir nessa jornada.

Por que salmos?

O livro de Salmos é, sem dúvidas, um dos mais lidos por cristãos no mundo inteiro. Quem nunca se viu angustiado ou jubiloso com os maravilhosos feitos do Senhor, e recorreu aos Salmos, que atire a primeira pedra! Entre os mais variados gêneros literários dos Salmos, o que me motiva a lê-los constante e independentemente de minha leitura anual das Escrituras é o caráter extremamente devocional dos textos: orações e cânticos são entoados a Deus e isso aumenta-nos a devoção pelo Senhor.

Carlos Osvaldo Pinto¹ observa o papel dos Salmos na Reforma Protestante. Ele diz:
(...) Quando as escuras nuvens da dúvida obscureciam a luz da graça e da presença de Deus, Martinho Lutero, prisioneiro de seus próprios seguidores no castelo de Wartburg, encontrava força e alento na leitura dos Salmos (que lia no original e traduzia para o alemão). Dessa época data o tão amado "Castelo Forte", baseado no Salmo 46.

Quer aprender a orar? Leia Salmos. Quer orar mais? Leia Salmos.

Não sabemos orar como convém

O apóstolo Paulo assevera: “não sabemos orar como convém” (Romanos 8.26)! Isso parece medonho. E é! A oração é meio pelo qual nos aproximamos de Deus, se não sabemos como nos relacionar com Ele, como será isso? Comparando com relacionamentos humanos – e lembrando que toda comparação aqui é falha por ser Deus perfeito e nós pecadores – parece insustentável preservar uma relação com alguém que está sempre inseguro no trato conosco!

Lembro que no início da caminhada cristã passei o que muitos passam na experiência da vida comunitária chamada igreja. Me acanhava para orar em público e quando arriscava achava que deveria usar palavras rebuscadas e expressões formais pouco utilizadas no meu dia-a-dia. O tempo passa e logo percebemos que, parafraseando Salomão, tudo isso é vaidade.

A continuação do texto de Romanos 8.26, no entanto, é um alívio: “mas o mesmo Espírito [Santo] intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis”. O apóstolo aponta para “nossa fraqueza”, limitação humana devida à pecaminosidade. Essa fraqueza consiste, pelo menos em parte, nisto: que “não sabemos pelo que devemos orar”. Não temos certeza se o conteúdo de nossa oração está em harmonia com a vontade de Deus (veja v. 27).

E os Salmos “nessa história toda”?

Você deve estar se perguntando se não me enganei em falar dos Salmos no lugar da Epístola de Paulo aos Romanos, porém, essa é a melhor parte! Leia com atenção a brilhante definição:
Os salmos eram declarações de relacionamento entre o povo e seu Senhor. Pressupunham a aliança entre ambos e as implicações de provisão, proteção e preservação dessa aliança. Seus cânticos de adoração, confissões de pecado, protestos de inocência, queixas de sofrimento, pedidos de livramento, garantias de ser ouvido, petições antes das batalhas e ações de graças depois delas são, todas expressões do relacionamento ímpar que tinham com o único Deus verdadeiro. Temor e intimidade combinavam-se no entendimento que os israelitas tinham desse relacionamento. Eles temiam o poder e a glória de Deus, sua majestade e soberania. Ao mesmo tempo protestavam diante dele, discutindo suas decisões e pedindo sua intervenção. Eles o reverenciavam como Senhor e o reconheciam como Pai².

Preciso dizer mais alguma coisa? Os Salmos são a fonte providenciada por Deus através da inspiração do Espírito Santo aos salmistas para nos ensinar não apenas com a experiência dos outros, mas servir de modelo para nossas orações. Impregnar-se dos Salmos leva-nos a orar como Deus deseja que oremos. Não como modelo mecânico, mas como alguém que teme e confia em o Nome do Senhor. 

Comece hoje mesmo a ler os Salmos de uma forma diferente. Não como quem deseja seguir uma fórmula, ou uma "mandinga gospel", mas como um ótimo hábito para sua caminhada cristã. Bem vindo a série Crescendo com os Salmos.


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¹Carlos Osvaldo Pinto em: Salmos: Uma Breve Introdução. 
²William S. LaSor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush, Introdução ao Antigo Testamento, p. 483.

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