Crescendo com os Salmos | Hino à Soberania de Deus


O SENHOR preside aos dilúvios; como rei, o SENHOR presidirá para sempre. O SENHOR dá força ao seu povo, o SENHOR abençoa com paz ao seu povo. Salmos 29.10,11

Assim como qualquer gênero musical e literário, os Salmos possuem características próprias que o subdividem em categorias gerais. Deixe-me trocar em miúdos. Ao sintonizar uma estação de rádio - as gerações presentes não sabem o que é AM/FM (!!!) - você o faz, em geral, motivado pelo desejo de ouvir determinado gênero musical ou notícias. Se deseja ouvir músicas do gênero MPB, você sabe que aquela rádio com certeza tocará o estilo musical desejado. Na literatura, um gênero diferente pode utilizar-se do mesmo conteúdo, porém com características totalmente diferentes. Que dizer da diferença entre um romance e um épico? Acho que já deu pra você captar que isso também ocorre com os Salmos.

Contando aos outros quão notável é o Senhor em termos de quem Ele é e do que Ele fez

Longe de ser uma mera coletânea de poesias e canções, os Salmos são Palavra de Deus, poesias, cânticos e orações inspiradas pelo próprio SENHOR. Agora, deixe-me perguntar, o que os Salmos 29, 30, 103, 117 e 118 têm em comum? Todos pertencem a categoria de hinos, e é sobre o hino no Salmo 29.10,11 que rapidamente quero tratar. Algum engraçadinho já disse que hino é o contrário de 'voltanu' (sic). Brincadeiras à parte, hinos são caracterizados por serem composições para momentos em que tudo estava bem. Eles são canções para aqueles momentos em que tudo está nos conformes. Os hinos tipicamente celebram Deus como Criador e Redentor.

Louvar é contar aos outros quão notável é o Senhor em termos de quem Ele é e do que Ele fez. O Salmo 34 amplifica a grandeza de Deus ao exaltar como Ele responde às orações (v.4) porque Ele é bom (v.8):

Busquei o SENHOR, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores. (...) Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia. 
O Salmo 29

O Salmo 29 é um exemplo clássico de hino ao SENHOR. Deus é exaltado em seus poderosos feitos, sendo apresentado como Criador e dono de uma supremacia sem igual. Ele é o único digno de receber toda honra e glória (vv. 1-2) e não há nada que possa se opor a Ele (vv. 3-9). Não raras vezes, nas Escrituras, as águas são, um dos elementos de oposição aos eleitos do Senhor. O dilúvio representou o juízo de Deus por conta do pecado da humanidade, de maneira que apenas Noé e sua família foram poupados pelo SENHOR (cf. Gn 6-9). Quando os israelitas saíram do Egito o maior desafio que encontraram não foi Faraó e seus cavaleiros, mas as águas volumosas do Mar Vermelho (cf. Êx 14). Por semelhante modo, a travessia do rio Jordão (cf. Js 3-4). No Novo Testamento, Jesus acalma a tempestade e anda sobre o mar (cf. Marcos 4.35-41; Mateus 14.24-31)¹. No livro do Apocalipse, João narra a vitória final sobre a Babilônia, a besta e o falso profeta (18.21-24; 19; 20) e no capítulo 21, no primeiro verso somos informados:

Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.
Apocalipse 21.1 conclui que haverá um tempo em que absolutamente nada poderá se opor aos remidos do Senhor, aos filhos de Deus. Não por seus méritos ou poderes. Não por barganha. Não com um fim em si mesmo, mas somente nos méritos, poder e para a glória de Deus. Sendo assim, o Salmo 29 é o hino de exaltação à soberania e ao poder supremo de Deus sobre tudo e sobre todos - com todas as ênfases e redundâncias! O Salmo não fala que o povo do Senhor não será jamais abalado ou não sofrerá dores e lutas, mas exalta a Deus, que embora seja aquele que preside os dilúvios, que executa seus juízos sobre quem Ele deseja, é o mesmo que fortalece o seu povo e o abençoa com paz. Não aquela paz propagada pelo mundo - ausência completa de desafios e lutas - mas a paz que só Cristo pode nos conceder (João 14.27).

Concluímos que nada foge ao controle do Senhor, nosso Deus. Sabemos disso, proclamamos isso, mas precisamos viver conforme essa perspectiva. Longe de sermos triunfalistas, precisamos confiar e exaltar o Deus cuja poderosa mão governa em todo o tempo, inclusive nas crises e adversidades.

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¹Compare também com o Salmos 46.
Última edição: 03/09/2015, 13h28

Comentários

  1. Creio que não só minha mas de muitas pessoas existe a dificuldade de entregar-se e compreender que Deus é além do que imaginamos, que ele nos sustenta por completo, eu agradeço pelo texto caiu em cheio no meu coração.

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