AS CRIANÇAS E O AMOR-PRÓPRIO | Alex Mello
Por Alex Mello*
As crianças da atual geração desde muito
cedo têm de lidar com questões relacionadas à autoestima, ao egoísmo e ao
amor-próprio.
De modo geral, muito da atual arte de criar
filhos está embasada na ideia da psicologia moderna de que a autoestima é a
chave do sucesso. Influenciados principalmente pelo livro The psychology of Self-esteem, de 1969, do psicoterapeuta canadense
Nathaniel Branden, a atual geração de pais faz todo o esforço possível para que
seus filhos tenham a melhor imagem de si mesmos. Fato é que, segundo
pesquisadores da atualidade, como o professor Roy Baumeister, da Universidade
Estadual da Flórida, existem poucas e fracas evidências científicas que mostram
que a alta autoestima gera sucesso profissional ou escolar. [1]
Num sentido diametralmente oposto, Jay
Adams afirma que crianças estimuladas ao amor-próprio são expostas a uma ênfase
que pode ser devastadora para a educação cristã. [2]
Crianças centradas em seus próprios desejos
e que veem seus pais como meros instrumentos para atingirem seus objetivos
egoístas certamente apresentarão frutos pecaminosos.
O estímulo a autoestima na infância tem
gerado dois tipos de adultos: Ou arrogantes e amantes de si mesmos, se
conseguirem satisfazer seu “eu” ou frustrados, cheios de baixa autoestima e
autocomiseração, se não tiverem seus desejos atendidos.
Tanto pessoas arrogantes, amantes de si
mesmo e orgulhosas, como seu oposto, pessoas que se autocomiseram e possuem uma
baixa autoestima, sofrem do mesmo mal, o egoísmo. Amam mais a si do que a Deus
e ao próximo.
A criança nos seus primeiros dias de vida
ainda não tem uma ideia do mundo em que vive. Esta criança é naturalmente
egocêntrica, pensa que o mundo gira em torno dela. Quando vai crescendo e
começa a ter noção da dimensão do mundo a criança começa a manifestar a
idolatria do seu eu, que é seu centro natural devido ao pecado original. O
egoísmo desta criança faz com que ela tenha prazer em estar no centro, se não
do mundo, pelo menos da família.
Infelizmente em nosso tempo podemos
observar pais que permitem e até conduzem seus filhos a ocuparem uma posição
central na família. Estes pais permitem que a agenda familiar seja estabelecida
pelos filhos e não pelo relacionamento prioritário de esposo e esposa. Lou
Priolo destaca que um lar cujo centro são os filhos, é um lar em que a criança
acredita que tem a permissão de se comportar como se a casa toda, pais e irmãos
existissem só para agradá-la. [3]
Priolo nos ajuda ainda a identificar um lar
em que o centro são os filhos. Neste lar os pais permitem que os filhos cometam
os seguintes atos:
- Interromper os adultos quando estão conversando.
- Manipular e usar de rebeldia para conseguir o que querem.
- Ditar o horário da família (incluindo as refeições e hora de ir para cama)
- Ter prioridade sobre o cônjuge.
- Ter voto igual ou superior nas decisões familiares.
- Exigir tempo e atenção excessivo dos pais.
- Escapar das consequências de seu comportamento pecaminoso.
- Falar de igual para igual com os pais.
- Ser afagado quando estiver de mau humor.
Priolo continua afirmando que crianças
criadas num lar em que são o centro crescerão achando que a sociedade deve a
eles um meio de vida. Colocar a criança no centro é um pecado que os pais
cometem esquecendo-se de que seus filhos, que também são pecadores, usarão este
fato para desenvolver padrões pecaminosos.
Como conselheiros bíblicos devemos ao
trabalhar com famílias centradas nos filhos mostrar-lhes a hierarquia bíblica
de relacionamentos, onde o relacionamento marido-esposa é prioritário e os
filhos devem viver em obediência aos pais.
Os pais devem ser encorajados a oferecem a
seus filhos aquilo que precisam para crescer saudáveis espiritual e fisicamente
e não aquilo que desejam, mostrando-lhes que os desejos de seus corações podem
ser pecaminosos e contrários a vontade de Deus.
O princípio bíblico é de que não devemos
pensar de nós mesmos além do que convém, mas devemos pensar com moderação, de
acordo com aquilo que Deus nos concedeu (Rm
12.3) seguindo sempre o exemplo da humildade de Cristo que nos compele a
considerarmos os outros superiores a nós mesmos e não termos em vista aquilo
que é propriamente nosso, mas também os interesses dos outros. (Fp 2.3-8).
***
* Alex Mello é Mestre em Ministérios Familiares pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e Membro da Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos (ABCB). Serve como pastor na Igreja Batista da Fé em São José dos Campos. | Artigo publicado no Blog da ABCB, disponível aqui | Acessado em 18/11/16.
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[1] GUIMARÃES, Camila e KARAM, Luiza. A Turma do “Eu me Acho”. Revista Época,
São Paulo, n. 739, p. 60-67, 2012.
[2] ADAMS, Jay. Autoestima: Uma perspectiva
bíblica. São Paulo: ABCB, 2007. p.117.
[3]
PRIOLO, Lou. O coração da ira. São
Paulo: NUTRA, 2009. p.30
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