COMUNICAÇÃO TRIVIAL OU PERENE? | por Elizabeth Gomes
Depois de ler um livro impactante que me
faz pensar dez vezes antes de emitir um parecer, e lembrando as inúmeras vezes
em que “morri pela boca” ao dizer a coisa errada em hora imprópria a pessoas
amadas, estive navegando no Facebook e observando as diferenças no que as
pessoas postam. Algumas usam o “face” para emitir suas ideias políticas ou censurar
a banalização que ocorre em plano geral. Outras o aproveitam como oportunidade
para contar suas novidades na cozinha e mesa ou dicas de moda e design. Alguns
pastores e estudiosos escrevem para convencer os outros que suas ideias são as
melhores, as únicas bíblicas, academicamente sensatas ou teologicamente
corretas. Mães e avós recentes compartilham as fofuras de seus rebentos, e pais
orgulhosos os prêmios atléticos ou acadêmicos de seus filhos. Algumas pessoas
colecionam dizeres e fotos “bonitinhos”, “agradáveis”, angariando pontos para
as fãs clicarem o “curtir”.
Confesso que “entrei” no Facebook para
encontrar amigos(as) e compartilhar ideias, visando especialmente oportunidade
de tornar conhecidos nosso ministério e nossos livros. Descobri que essa
comunicação é efetiva, rápida, de longo alcance – e super-superficial! Amigos,
achei muitos, até quem antes não tinha grande amizade, e algumas grandes amigas
de há muito perdidas.
Confesso que dou o “curtir” até mesmo doce
apetitoso ou sugestão de sapato confortável e que não custe uma fortuna, ou
dicas de onde arrumar livros gratuitos ou passagens mais econômicas. “Curto”
todas as fotos de bebês e crianças de amigos, filhos, sobrinhos ou netos, e
geralmente “curto” fotos de bichinhos de estimação – embora eu mesma não queira
mais tê-los em casa. Descubro mudanças de profissão em algumas amigas: de
médica para empresária, de enfermeira para fotógrafa; de aeromoça para
psicóloga de agente de viagens para missionária; de dentista para advogada; e
um ex-pastor agora é dono de pousada.
Porém, se quero que minha comunicação
virtual tenha repercussão eterna, tenho de me concentrar no foco e olhar para
Jesus (Hb 12.2). Parodiando o título
de um livro genial publicado por um amigo (O
que Jesus beberia?) – o que Jesus diria nas redes sociais? Com certeza ele
não descartaria as comunicações que as pessoas fazem sobre o que comem ou bebem
(ele mesmo foi criticado por comer e beber com os pecadores), mas estaria mais
atento ao que está por trás das comunicações escritas, mesmo as que usam emoticons, acrônimos ou siglas, como
hehehe, kkkk, LOL e J, e as múltiplas citações heréticas de secularistas ateus
ou panteístas, “evangelistas” aloprados como Osteen e Benny Hinn, e “feel good psychologies” centradas em
“amar a mim mesmo” e “eu sou mais eu” em vez de “careço de Jesus”.
Às vezes minha própria tendência é de
criticar os que pensam diferente de mim, e me calo quanto às suas confusões –
quando na verdade, meu coração deveria chorar com os que choram, e ser
instrumento da paz de Cristo. Jesus olhava a multidão confusa, com carências e querências
mal dirigidas, e via-a com compaixão, porque eram como “ovelhas sem pastor” (Mc 6.34).
Alguns amigos se enveredaram por caminhos
que levam de mal a pior, escolhendo relacionamentos tortos ou filosofias torpes
– mas ainda assim, são amados pelo Criador, e eu devo usar os meios de
comunicação para alcançar seus corações com a Boa Nova do perdão de um Salvador
perfeito. Algumas amigas voltaram a doutrinas que aprisionam aqueles que já
foram libertados por Jesus. Eu não fui chamada para criticá-las, mas para
amá-las a ponto de elas voltarem ao primeiro amor, como diz o antigo corinho
baseado em Ap 2.4. Muitos amigos e
amigas que vendiam saúde e primavam por atletismo estão doentes: câncer,
coração, até HIV acometem servos do Senhor! À medida que vamos envelhecendo,
vamos pensando mais na efemeridade da vida que achávamos perene, e precisamos
focar a vida eterna, que Jesus definiu assim: “Que te conheçam a ti, o único
Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).
Percebi que o Facebook não substitui outros
meios de propaganda para meus serviços (como tradutora) ou divulgação dos
livros que Lau e eu escrevemos (vaidade ou ministério?). As pessoas geralmente
abrem apenas os comentários que têm seus próprios nomes como chamariz – afinal,
todos nós somos incorrigíveis narcisistas. Aquilo que falam de nós – bem ou mal
– é o que nos toca e nos move a agir, ou protestar, ou contemplar no espelho. E
nisso não somos em nada como João Batista, que disse “Convém que ele cresça e
eu diminua” (Jo 3.30).
A meta missionária de alcançar mulheres
como eu com o amor de Jesus não pode ser de “torta no céu e tolices na terra” –
por esta razão, preciso trazer o foco da comunicação ao trono de Cristo, e
reconhecer que é só dele todo trabalho, todo mérito, e toda glória. Como é
fácil ser “furtadora da glória” e com a cara mais lavada, procurar refletir a
mim mesma em vez de resplandecer a glória de Cristo! Preciso que minhas irmãs e
meus irmãos enviem “feedback” mais sério do que apenas “curtição”. Tem de comentar:
“Está certa, irmã, e eu também luto com isso” e “Minha irmãzinha, pense bíblica,
e não bethmente sobre isso, e se arrependa!
” Preciso constantemente derrubar os ídolos do próprio coração, em vez de
apontar para as idolatrias tolas de outros irmãos. Acima de tudo, em vez de
concentrar em meu Facebook, tenho de reconhecer e assumir para mim: “Deus, que
disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6).
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Fonte:
iProdigo / Reforma21
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