POR QUE SER MEMBRO IMPORTA
por Kevin DeYoung
Já me fizeram essa
pergunta em numerosas ocasiões. Às vezes ela é feita com uma curiosidade
genuína – “Pois me explique do que se trata isso de membresia”. Outras vezes, é
dito com um tom de suspeita – “Então me conte: por que você acha que eu deveria
me tornar um membro? ” – como se entrar numa igreja automaticamente te
inscrevesse no dízimo por depósito programado. Para muitos cristãos, membresia
soa como frieza, algo que você tem no banco ou no clube, mas que é muito formal
para a igreja. Mesmo concordando que o Cristianismo não é uma religião do tipo
cavaleiro solitário, que precisamos da comunhão e companheirismo com outros
cristãos, ainda resistimos à ideia de oficialmente ser parte de uma igreja. Por
que a dificuldade? Por que encaixotar o Espírito Santo em categorias de membro
e não-membro? Por que se importar em ser parte de uma igreja local quando já
sou membro da Igreja universal?
Já encontrei algumas pessoas que
simplesmente não serão convencidas sobre o assunto, não importa o que você diga
ou quantas vezes a palavra “membro” realmente apareça no Novo Testamento.
Porém, muitas pessoas não têm dado uma atenção séria à membresia na igreja.
Elas estão abertas a ouvirem uma justificativa sobre algo que não as leva a
refletir muito.
Aqui estão algumas poucas razões de por que
ser membro de igreja importa.
1.
Ao fazer parte de uma igreja você torna visível seu compromisso com Cristo e
seu povo. Tornar-se membro é uma maneira de levantar a
bandeira da fé. Você afirma perante Deus e os outros que você é parte deste
corpo de crentes. É fácil falar em termos radiantes sobre a igreja invisível –
o corpo de todos os crentes, aqui e ali, vivos e mortos – mas é na igreja
visível que Deus espera que você viva sua fé.
Algumas vezes, eu acho que nós não
estaríamos clamando por uma comunidade se realmente a tivéssemos experimentado.
Comunhão real demanda trabalho duro, porque muitas pessoas parecem bastante
conosco – egoístas, pequenas e orgulhosas. Mas é para este corpo que Deus nos
chama.
Quantas cartas de Paulo foram escritas para
pessoas? Somente um pouco, e elas eram geralmente para pastores. A maioria de
suas cartas foi escrita para um corpo local de crentes. Vemos a mesma coisa em
Apocalipse. Jesus fala a congregações individuais em locais como Esmirna, Sardes
e Laodicéia. O Novo Testamento nada diz sobre cristãos flutuando na terra do
“só Jesus e eu”. Crentes pertencem a igrejas.
2.
Fazer um compromisso é uma declaração poderosa em uma cultura de baixo
compromisso. Muitas ligas de boliche exigem mais de seus
membros que nossas igrejas. Quando isso é verdade, a igreja é um reflexo triste
de sua cultura. Estamos em uma cultura consumista onde tudo é ajustado para
encontrar nossas necessidades e satisfazer nossas preferências. Quando nossas
necessidades não são supridas, sempre poderemos passar para o próximo produto,
ou emprego ou cônjuge.
Em um ambiente como esse, entrar numa
igreja gera uma declaração contracultural. Ela diz: “Eu estou comprometido com
este grupo de pessoas e elas estão comprometidas comigo. Eu estou aqui mais
para dar que para receber”.
Mesmo se você passar poucos anos numa
cidade, não é uma má ideia fazer parte de uma igreja. Isso permite que sua
igreja original (se você é um estudante) saiba que você está sendo cuidado, e
permite que sua igreja atual saiba que você quer ser cuidado ali.
Mas isso não é apenas sobre ser cuidado, é
sobre fazer uma decisão e continuar com ela – algo que minha geração, com seu
número opressivo de escolhas, acha difícil. Nós preferimos namorar a igreja –
tê-la ao lado em eventos especiais, levá-la pra sair quando a vida parece
solitária, ficar perto dela num dia de chuva. Membresia é a única forma de
parar de namorar igrejas e casar-se com uma. (veja o excelente livro de Joshua
Harris como complemento a esse assunto).
3.
Podemos ser exageradamente independentes. No Ocidente,
esta é uma das melhores e piores coisas sobre nós. Somos espíritos livres e
pensadores críticos. Nós temos uma ideia e corremos atrás dela. Mas quem está
correndo conosco? E tem mais alguém entre nós correndo na mesma direção?
Membresia declara de uma maneira formal: “Eu sou parte de algo maior que eu
mesmo. Eu não sou apenas um entre trezentos indivíduos. Eu sou parte de um
corpo”.
4.
Ser membro nos mantém responsáveis. Quando entramos em uma
igreja, estamos nos oferecendo a outros para sermos encorajados, exortados,
corrigidos e servidos. Nós estamos nos colocando debaixo de líderes e nos
submetendo a autoridade deles (Hb 13.17). Estamos dizendo: “Eu estou aqui para
ficar. Eu quero ajudar vocês a crescerem em piedade. Vocês me ajudarão a fazer
o mesmo?”.
Mark Dever, em seu livro Nove Marcas de uma
Igreja Saudável escreve:
Ser membro de uma igreja é a nossa oportunidade de nos apegarmos uns aos outros com responsabilidade e amor. Por nos identificarmos com uma igreja em particular, permitimos que os pastores e outros membros daquela igreja local orem e saibam que tencionamos nos comprometer com a frequência, a contribuição, a oração e o ministério da igreja. Permitimos que nossos irmãos em Cristo tenham grandes expectativas sobre nós nestas áreas, e tornamos conhecido o fato de que estamos sob a responsabilidade desta igreja local. Asseguramos à igreja nosso compromisso com Cristo, para servir juntamente com eles; buscamos igualmente o compromisso deles, para servirem conosco e nos encorajarem.
5.
Fazer parte de uma igreja ajudará seu pastor e presbíteros a serem pastores
mais fiéis. Hebreus 13.17 diz: “Obedecei a vossos pastores, e
sujeitai-vos a eles”. Esta é nossa parte como “laicato”. Esta é a nossa parte
como líderes: “porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta
delas”. Como pastor, eu levo muito a sério minha responsabilidade diante de
Deus do cuidado pelas almas. Em quase todo encontro dos presbíteros, como diz o
Livro de Ordem da Igreja de nossa denominação, nós “procuramos determinar quais
membros da congregação precisam de um cuidado especial a respeito de sua
condição espiritual e/ou não estão fazendo uso fiel dos meios de graça”. Isso é
muito difícil de fazer em uma igreja como a nossa, onde há constantes mudanças,
mas é mais difícil ainda quando nós não sabemos quem realmente é parte do
rebanho.
Para dar apenas um exemplo, nós tentamos
ser diligentes em caminhar com pessoas que não estão em nossa igreja há algum
tempo. Isto é um desafio. Mas se você não se tornou um membro, não podemos
dizer se você realmente nos deixou, porque nós nem mesmo temos certeza se você
já esteve aqui! É quase impossível para os presbíteros pastorearem o rebanho
quando eles não sabem quem realmente considera-se membro.
6.
Fazer parte de uma igreja te dá a oportunidade de fazer promessas.
Quando alguém se torna membro da University Reformed Church, ele promete orar,
contribuir, servir, participar da adoração, aceitar a direção espiritual da
igreja, obedecer a seus ensinamentos e procurar aquilo que promove unidade,
pureza e paz. Nós não fazemos essas promessas levianamente. Elas são votos
solenes. E devemos sustentar uns aos outros nisto. Se você não se junta à
igreja, você perde uma oportunidade de publicamente fazer essas promessas,
convidando os presbíteros e o resto do corpo a sustentar você nelas – o que
seria perder um grande benefício espiritual, para você, seus líderes e a igreja
inteira.
Membresia importa mais do que muitas
pessoas pensam. Se você realmente quer ser um revolucionário contracultural,
procure uma classe de novos membros e junte-se à sua igreja local.
___________
Fonte:
Reforma21 | Traduzido por Josaías Jr
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