Deus Criou o Ser Humano Homem e Mulher: O Que Significa Ser Complementarista? (parte 1)

Por John Piper*

Gênesis 1.26–31:

26 Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”. 27 Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”. 29 Disse Deus: “Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. 30 E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão”. E assim foi. 31 E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia.

Uma das marcas teológicas dos 30 anos de Bethlehem¹ é a forma como entendemos os propósitos de Deus para que homens e mulheres se relacionem em família e igreja e sociedade. Se você quiser um nome para nomear este entendimento, nós diríamos que somos complementaristas — baseados na palavra “complemento”. Em outras palavras, nós cremos que quando se trata de sexualidade, a maior demonstração da Glória de Deus, e a maior alegria dos relacionamentos humanos, e os maiores frutos no ministério, surgem quando as profundas diferenças entre homem e mulher são aceitas e celebradas como complemento umas das outras. Elas completam e embelezam umas as outras.

O Que “Complementarismo” Significa?

A intenção com a palavra “complementarismo” é a de situar o nosso modo de vida entre dois tipos de erros: De um lado os abusos de mulheres sob a dominação masculina, e de outro lado a negação das diferenças de gênero onde elas possuem uma significado belo. O que significa que, por um lado, complementaristas reconhecem e lamentam o histórico de abusos pessoais e sistemáticos de mulheres, e o presente mal global e local na exploração e degradação de mulheres e meninas. E, por outro lado, complementaristas lamentam os impulsos feministas e igualitários que minimizam as diferenças entre homens e mulheres dadas por Deus e desmantelam a ordem que Deus projetou para o florescimento de nossas vidas em conjunto.

Portanto, complementaristas resistem aos impulsos de uma cultura chauvinista, dominadora, e abusiva, de um lado, e uma cultura que não distingue diferenças entre homem e mulher, niveladora de gêneros, unissex, do outro lado. E nós nos posicionamos entre estes dois tipos de vida não por que é um lugar seguro (que enfaticamente não é), mas porque nós pensamos que este é o plano de Deus na Bíblia para os homens e as mulheres. “Muito bom”, como Ele diz em Gênesis 1.

Na verdade, eu diria que a tentativa pelo feminismo de remediar o abuso do sexo masculino contra as mulheres ao anular diferenças de gênero, sai pela culatra e produz milhares de homens que não poderão ser admirados pelas mulheres por causa de sua falta de masculinidade, ou não poderão ser suportados por elas devido a sua masculinidade distorcida e selvagem. Em outras palavras, se nós não ensinarmos meninos e meninas sobre a verdade e a beleza e o valor de suas diferenças, e como viver com elas, essas diferenças não amadurecerão de maneira saudável — mas de maneira disfuncional. E uma geração de jovens adultos virá a se formar que simplesmente não sabe o que significa ser um homem maduro ou uma mulher madura; e o preço cultural que pagamos por isso é enorme.

O modo pelo qual gostaria de abordar essa questão é indo do genérico para o específico: uma palavra sobre o ser humano, uma ilustração sobre ser homem e mulher, e então um texto específico para mostrar as raízes bíblicas.

Sobre ser humano

Em primeiro lugar, uma palavra sobre ser humano. Em meu primeiro Domingo em Bethlehem, 13 de Julho de 1980 à tarde, preguei uma mensagem intitulada “A Vida Não É Banal.” Nela eu disse:
Todo ser humano de vez em quando gostaria que suas vidas não viessem a ser gastas como as gotas de uma torneira que vaza. Todos vocês já provaram o desejo de que o dia-a-dia deva ser mais do que uma série de eventos insignificantes. Isso pode ocorrer quando você está lendo um poema, quando você está ajoelhado em seu quarto, quando você está parado à beira do lago no pôr do sol. Isso acontece muito frequentemente no nascimento e na morte.

Eu citei Moisés, de Deuteronômio 32.46, “Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico contra vós, para que ordeneis a vossos filhos que cuidem de cumprir todas as palavras desta lei. Isso não é para vós coisa de menor importância; pois é a vossa vida.” (SBBri) No fundo de cada ser humano criado por Deus, carregando o símbolo da humanidade na imagem de Deus, existe um desejo para que a vida não seja insignificante. Para que não seja banal, fútil, sem importância.

Eu li recentemente essa frase da romancista policial Agatha Christie (1896-1976):
Gosto de viver. Algumas vezes me sinto muito, desesperadamente, loucamente miserável, atormentada pela aflição, mas mesmo diante disso tudo eu compreendo que estar viva é uma coisa grandiosa.

Eu acho que isso é maravilhosamente verdadeiro. Ser um ser humano verdadeiro é uma coisa grandiosa. Vocês todos não têm tido aqueles raros e maravilhosos momentos quando estão parados perto de uma janela, ou porta, ou em qualquer lugar, e de repente, espontaneamente, e poderosamente ocorre o despertar: Eu estou vivo. Eu estou vivo. Não como uma árvore ou um coelho, mas como um ser humano. Eu estou pensando, sentindo, desejando, lamentando, chorando. Vivo. Feito na própria imagem de Deus. E isso é uma coisa grandiosa.

É uma coisa grandiosa. E parte dessa grandeza de ser um ser humano vivo criado à imagem de Deus é que você é homem ou mulher. “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). Ninguém é um ser humano genérico. Não existe tal coisa. Deus nunca pretendeu que houvesse. Deus cria seres humanos do sexo masculino e seres humanos do sexo feminino. E isso é uma coisa grandiosa.

Seria uma distorção dessas naturezas humanas pensar que o único projeto de Deus nessas diferenças era o de fazer e cuidar de bebês. As diferenças são muitas e profundas demais para uma explicação tão superficial. Uma mulher é uma mulher na plenitude de sua humanidade. Um homem é um homem na plenitude de sua humanidade. Essa é uma coisa grandiosa. Então, meu primeiro ponto é que Deus fez uma coisa grandiosa ao nos fazer seres masculinos e femininos em Sua imagem. Não deprecie isso. Deleite-se nisso. Glorie-se em estar vivo como o homem ou mulher que você é!

[Continua]

______________
*John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.
¹John Piper refere-se à Bethlehem Baptist Church, Minneapolis, Minnesota (EUA), onde ele é pastor sênior.
Extraído de: Homens Piedosos

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