AS MARCAS DA MASCULINIDADE
Por Albert Mohler
Quando um rapaz se torna homem? A resposta
a essa pergunta está muito além do aspecto biológico e da idade. Conforme
definida na Bíblia, a masculinidade é uma realidade funcional, demonstrada no
cumprimento, por parte do homem, de responsabilidade e liderança. Com isso em
mente, gostaria de sugerir treze marcas da masculinidade bíblica. Chegar a
essas qualidades vitais identifica o surgimento de um homem que demonstrará
verdadeira masculinidade bíblica.
1.
Maturidade espiritual suficiente para liderar uma esposa e filhos.
A Bíblia é clara a respeito da
responsabilidade do homem em exercer maturidade e liderança espiritual. De
fato, essa maturidade espiritual demanda tempo para ser desenvolvida, bem como
é um dom do Espírito Santo agindo na alma do crente. As disciplinas da vida
cristã, incluindo a oração e estudo bíblico sério, estão entre os meios que
Deus usa para moldar um rapaz em um homem e trazer maturidade espiritual à vida
de alguém que tem a responsabilidade de guiar uma esposa e uma família. Esta liderança
espiritual é central à visão cristã sobre o casamento e a família.
A liderança spiritual de um homem não é uma
questão de poder ditatorial, e sim uma liderança e influência espiritual, firme
e confiável. Um homem tem de estar pronto para liderar sua esposa e filhos de
um modo que honre a Deus, demonstra piedade, inculque o caráter cristão e leve
sua família a desejar a Cristo e a buscar a glória de Deus. A maturidade
espiritual é uma marca da verdadeira masculinidade cristã; um homem espiritualmente
imaturo é, pelo menos neste sentido crucial, apenas um rapaz no aspecto
espiritual.
2.
Maturidade pessoal suficiente para ser um marido e pai responsável.
A verdadeira masculinidade não é uma
questão de exibir características supostamente masculinas destituídas do
contexto de responsabilidade. Na Bíblia, um homem é chamado a cumprir seu papel
de marido e pai. A menos que ele tenha o dom de celibato para o serviço do
evangelho, o rapaz cristão deve almejar o casamento e a paternidade. Essa é,
com certeza, uma afirmação contrária à nossa cultura, mas o papel de marido e
pai é essencial à masculinidade. O casamento é incomparável em seus efeitos
sobre o homem, visto que canaliza suas energias e direciona suas
responsabilidades à consagrada aliança do casamento e à educação amorosa da
família. Os rapazes cristãos devem aspirar ser aquele tipo de homem com o qual
uma moça cristã se casaria alegremente, a quem os filhos obedeceriam,
confiariam e respeitariam.
3.
Maturidade econômica suficiente para manter-se num emprego e lidar com o
dinheiro.
Os publicitários e os empresários sabem a
que alvo devem direcionar suas mensagens — diretamente aos rapazes e
adolescentes. Esse segmento específico da população é atraído por bens
materiais, entretenimento popular, eventos esportivos e outras opções de
consumo. O retrato da masculinidade juvenil tornado popular nos meios de
comunicação e apresentado como normal por meio de entretenimentos é
caracterizado por imprudência econômica, egoísmo e lazer.
Um verdadeiro homem sabe como segurar um
emprego, lidar responsavelmente com o dinheiro e atender às necessidades de sua
esposa e sua família. Não desenvolver maturidade econômica significa que os
rapazes frequentemente pulam de um emprego a outro e levam anos para “se acharem”
em termos de carreira e vocação. Novamente, a adolescência prolongada
caracteriza grande segmento da população de rapazes em nossos dias. Um homem
verdadeiro sabe como ganhar, administrar e respeitar o dinheiro. Um rapaz
crente entende o perigo que existe no amor ao dinheiro e cumpre suas
responsabilidades como um servo cristão.
4.
Maturidade física suficiente para trabalhar e proteger a família.
A menos que seja incapacitado ou enfermo,
um rapaz precisa desenvolver uma maturidade física que, por meio de estatura e
vigor, identificam uma masculinidade reconhecível. É claro que os homens
atingem diferentes tamanhos e demonstram diferentes níveis de vigor físico, mas
a maturidade é comum a todos os homens, pela qual um homem demonstra sua
masculinidade em ações, confiança e força. Um homem tem de estar pronto a usar
sua força física para proteger a esposa e os filhos e cumprir as tarefas que
Deus lhe designou. Um rapaz tem de ser ensinado a canalizar seu desenvolvimento
e porte físico a um compromisso pessoal de responsabilidade, reconhecendo que o
vigor adulto tem de ser combinado com a responsabilidade de adulto e a
verdadeira maturidade.
5.
Maturidade sexual suficiente para casar e cumprir os propósitos de Deus.
Mesmo quando a sociedade celebra o sexo em
todas as formas e todas as idades, o verdadeiro homem cristão pratica a
integridade sexual, evitando pornografia, fornicação e todas as formas de
promiscuidade e corrupção sexual. Ele entende o perigo da lascívia, mas se
regozija com a capacidade sexual e poder reprodutivo que Deus lhe deu,
comprometendo-se com uma moça, ganhando o seu amor, confiança e admiração — e,
eventualmente, sua mão em casamento. É crucial que os homens respeitem esse dom
inefável e o protejam até que, no contexto de um casamento santo, sejam capazes
de satisfazer esse dom, amem sua esposa e almejem os filhos, que são dons de
Deus. A sexualidade masculina divorciada do contexto e da integridade do
casamento é uma realidade explosiva e perigosa. O rapaz precisa entender,
enquanto atravessa a puberdade e o despertamento da sexualidade, que ele é
responsável para com Deus pela administração deste importante dom.
6.
Maturidade moral suficiente para liderar como um exemplo de retidão.
O padrão vulgar de comportamento dos
rapazes é, em geral, caracterizado por negligência, irresponsabilidade e coisas
piores. À medida que um rapaz se desenvolve até à masculinidade, ele tem de
desenvolver maturidade moral, enquanto aspira a retidão, o aprender a pensar
como um cristão, agir como um cristão e mostrar aos outros como fazer isso.
O homem cristão deve ser um exemplo para os
outros, ensinando tanto por preceito como por exemplo. É claro que isso exige o
exercício de raciocínio moral responsável. A verdadeira educação moral começa
com um entendimento claro dos padrões morais e deve mover-se a um nível de
raciocínio moral mais elevado, pelo qual um rapaz aprende como os princípios
bíblicos são transformados em viver piedoso e como os desafios morais de seus
dias devem ser confrontados com as verdades reveladas na infalível e inerrante
Palavra de Deus.
7.
Maturidade ética suficiente para tomar decisões responsáveis.
Ser um homem implica tomar decisões. Uma
das tarefas mais fundamentais da liderança é decidir. O estado de indecisão de
muitos homens contemporâneos é a evidência de uma masculinidade atrofiada. É
claro que um homem não se precipita a tomar uma decisão sem refletir,
considerar e ter cuidado, mas ele se expõe a um risco, ao tomar uma decisão — e
ao torná-la permanente. Isso exige uma responsabilidade moral que se estenda à
tomada de decisões éticas e maduras, que glorifiquem a Deus, sejam fiéis à
Palavra de Deus e estejam abertas ao escrutínio moral.
Um verdadeiro homem sabe como tomar uma
decisão e viver com suas consequências — embora isso signifique que, mais
tarde, ele terá de reconhecer que aprendeu por tomar uma decisão errada e por
fazer a correção apropriada.
8.
Maturidade de percepção do mundo suficiente para entender o que é realmente
importante.
Uma inversão de valores caracteriza nossa
era pós-moderna, e a situação desagradável da masculinidade moderna se torna
mais apavorante pelo fato de que muitos homens não têm a capacidade de
desenvolver uma percepção de mundo consistente. Para o crente, isso é
duplamente trágico, pois nosso discipulado cristão tem de ser demonstrado no
desenvolvimento de uma mente cristã.
O cristão tem de entender como interpretar
e avaliar as questões pelo espectro dos campos da política, economia,
moralidade, entretenimento, educação e uma lista aparentemente interminável de
outros campos. A ausência de um raciocínio bíblico e consistente da percepção
do mundo é uma característica fundamental da imaturidade espiritual. Um rapaz
tem de aprender com traduzir a verdade cristão em uma maneira de pensar
genuinamente cristã. Precisa aprender a defender a verdade bíblica perante seus
colegas e em pública; e deve adquirir a habilidade de estender sua maneira de
pensar bíblica, fundamentada em princípios bíblicos, a todas as áreas da vida.
9.
Maturidade relacional suficiente para entender e respeitar os outros.
Os psicólogos agora falam sobre a
“inteligência emocional” como um fato importante no desenvolvimento pessoal.
Embora o mundo tenha dado muita atenção ao QI, a inteligência emocional é tão
importante como aquele. Os indivíduos que não têm a habilidade de relacionar-se
com os outros estão destinados a fracassarem diante dos mais significativos
desafios da vida e não cumprirão algumas de suas mais importantes
responsabilidades e papéis.
Por natureza, muitos rapazes são
direcionados por seu interior. Enquanto as moças aprendem a interpretar os
sinais emocionais e se conectam, muitos rapazes não possuem essa capacidade e,
aparentemente, não entendem a ausência dessa habilidade. Embora o homem tenha
de demonstrar força emocional, constância e firmeza, ele tem de aprender a se
relacionar com sua esposa, filhos, colegas e muitos outros, de uma maneira que
demonstre respeito, entendimento e empatia apropriada. Ele não aprende isso
jogando videogames e entrando no mundo pessoal, o que muitos rapazes adolescentes
fazem.
10.
Maturidade social suficiente para fazer contribuições à sociedade.
O lar é o lugar essencial e a ênfase
inescapável da responsabilidade de um homem, mas ele é chamado a sair do lar
para ir ao mundo, o mundo amplo, como uma testemunha e como alguém que dará uma
contribuição ao bem comum. Deus criou os seres humanos como criaturas sociais
e, ainda que nossa cidadania final esteja no céu, temos de cumprir nossa
cidadania na terra.
Um rapaz tem de aprender a cumprir uma
responsabilidade política como cidadão e uma responsabilidade moral como membro
de uma comunidade. O homem crente tem uma responsabilidade civilizacional, e os
rapazes devem aprender a se verem como formadores da sociedade, visto que a
igreja é identificada pelo Senhor como luz e sal. De modo semelhante, um homem
crente tem de aprender a se relacionara com os incrédulos, como testemunha e
como cidadãos de uma pátria terrestre.
11.
Maturidade verbal suficiente para se comunicar e falar como homem.
Um homem tem de ser capaz de falar, ser
entendido e se comunicar de um modo que honre a Deus e transmita a verdade de
Deus aos outros. Além do contexto da conversa, o rapaz deve aprender a falar
diante de grandes grupos, vencendo a timidez natural e o temor que resulta de
ver um grande número de pessoas e abrindo a boca e projetando palavras.
Embora nem todos os homens se tornarão
oradores públicos, cada homem deveria ter a habilidade de levantar-se, formular
suas palavras e argumentar quando a verdade está sob ataque e quando a fé e a
convicção têm de ser traduzidas em argumentos.
12.
Maturidade de caráter suficiente para demonstrar coragem em meio ao fogo.
A literatura sobre masculinidade está
repleta de histórias de coragem, bravura e audácia. Pelo menos, é assim que ela
costumava ser. Ora, estando a masculinidade tanto banalizada como marginalizada
pelas elites culturais, e existindo subversão ideológica e confusão proveniente
dos meios de comunicação, temos de recapturar um compromisso com a coragem, compromisso
esse que é transportado aos desafios da vida real enfrentados pelo homem
cristão.
Às vezes, a qualidade de coragem é
demonstrada quando um homem arrisca sua própria vida para defender outros,
especialmente sua esposa e filhos, mas também qualquer pessoa que necessita de
resgate. Com muita frequência, a coragem é demonstrada em tomar uma posição em
meio ao fogo hostil, recusando-se a sucumbir à tentação do silêncio e
permanecendo como um exemplo e modelo para os outros, que assim serão encorajados
a se manterem firmes em sua própria posição.
Nestes dias, a masculinidade bíblica exige
muita coragem. As ideologias prevalecentes e as cosmovisões desta era são
inerentemente hostis à verdade cristã e corrosivas à fidelidade cristã. Um
rapaz precisa ter muita coragem para se comprometer com a pureza sexual, e um
homem, para se dedicar exclusivamente à sua esposa. É necessário grande coragem
para dizer não àquilo que esta cultura insiste serem os prazeres e deleites
legítimos da carne. É necessário muita coragem para manter integridade pessoal
em um mundo que desvaloriza a verdade, menospreza a Palavra de Deus e promete autorrealização
e felicidade somente pela asseveração da absoluta autonomia pessoal.
A verdadeira confiança de um homem está
arraigada nas fontes da coragem, e esta é evidência de caráter. Em última
análise, o caráter de um homem é revelado no crisol dos desafios diários. Para
a maioria dos homens, a vida também traz momentos em que coragem extraordinária
será exigida, se ele tem de permanecer fiel e verdadeiro.
13.
Masculinidade bíblica suficiente para exercer algum nível de liderança na
igreja.
Uma consideração mais atenta de algumas
igrejas revelará que um dos problemas centrais é a falta de maturidade bíblica
entre os homens da congregação e a falta de conhecimento bíblico, o que torna
os homens mal equipados e completamente despreparados para exercer liderança
espiritual.
Os rapazes têm de familiarizar-se com o
texto bíblico e sentir-se à vontade no estudo da Palavra de Deus. Precisam estar
prontos a assumir seu lugar como líderes na igreja local. Deus estabeleceu
oficiais específicos para a sua igreja — homens que são dotados e chamados
publicamente —, por isso, todo homem crente deveria cumprir alguma
responsabilidade de liderança na vida da igreja local.
Para alguns homens, isso pode significar um
papel de liderança menos público do que o de outros. Em qualquer caso, um homem
dever ser capaz de ensinar alguém e liderar algum ministério, transformando seu
discipulado pessoal na realização de uma vocação santa. Há um papel de
liderança para todo homem, em toda igreja, quer seja uma liderança pública ou
privada, pequena ou grande, oficial ou extraoficial. Um homem deve saber como
orar diante dos outros, apresentar o evangelho e ocupar um lugar vazio quando a
necessidade de liderança é evidente.
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Original
em FIEL
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